Escola de MG que implementou 'caixa de celular' vê mais interação entre alunos e nas atividades pedagógicas: 'Nem no recreio eles pegam', diz diretor
04/02/2025
(Foto: Reprodução) Adequação na Escola Estadual João Belo de Oliveira, em Carangola, começou em agosto do ano passado, no intuito de deixar os aparelhos distantes dos estudantes. Segundo Renato Torres, medida impactou nas notas e na convivência entre eles. Caixa guarda os celulares durante as aulas da Escola Estadual João Belo de Oliveira, em Carangola
Escola Estadual João Belo de Oliveira/Divulgação
O ano letivo de 2025 começa diferente para muitos alunos. Isso porque o uso de celulares foi proibido após a sanção da Lei federal 15.100/2025, no dia 15 de janeiro, mas em uma escola de Carangola, na Zona da Mata mineira, a mudança começou ainda em 2024. Desde agosto, os alunos passaram a deixar os aparelhos em uma caixinha fora da sala de aula.
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A iniciativa de manter os alunos longe dos celulares foi implantada na Escola Estadual João Belo de Oliveira, em caráter pedagógico e também atendendo à Lei estadual 23.013, de 2018, permitindo o uso de aparelhos exclusivamente para fins pedagógicos e assuntos relacionados ao contexto educacional nas instituições estaduais.
De imediato, segundo o diretor Renato Torres, a reação dos alunos foi de resistência.
"Hoje em dia os jovens estão acostumados com o uso do celular o tempo inteiro. Então quando trouxemos a proposta, e mesmo explicando que queríamos limitar, e não proibir o uso, eles resmungaram bastante", disse o diretor.
Ele explicou que a mudança foi feita na base do diálogo e, apesar de algumas reclamações, teve rápida adaptação.
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A aluna Larissa Oliveira confirmou que os colegas inicialmente acharam”bem ruim a notícia” de ficar sem o celular durante o período da aula.
"Nós demoramos um mês para acostumar, mas, com o tempo, percebemos era uma mudança necessária para a gente prestar mais atenção nas aulas, que agora rendem bem mais", disse.
A adequação teve o início no segundo semestre e, dois meses depois, os docentes já notaram efeitos positivos. “A produção e a centração aumentaram, o que fez com que as notas também melhorassem”.
Além do ganho estudantil, o diretor destacou a mudança no comportamento.
"Agora eles participam mais das aulas, passaram a conversar mais uns com os outros, inclusive no recreio, voltaram a praticar esportes e até a brincar com jogos de tabuleiros, coisa que não faziam antes".
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Com a nova legislação federal em vigor, a escola espera alinhamentos entre Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais e o Ministério da Educação a respeito de alguns detalhes.
"A proibição veio, mas ainda precisamos saber os moldes dela para estarmos amparados. Por exemplo: um aluno chega na escola com o telefone na mochila. Onde ele [aparelho] vai ficar? Com o menino? Na mochila? Na caixinha? Estamos aguardamos essas informações ainda", disse.
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Escola Estadual João Belo de Oliveira/Divulgação
Na instituição de Carangola, segundo o calendário estadual, as aulas retornam na próxima segunda-feira (10). O diretor acredita que a proibição dos celulares não será um problema.
"Saímos na frente das outras escolas no ano passado. Só ficamos um pouco preocupados com os novos alunos que ainda não estão acostumados com o método".
A Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais informou que aguarda as diretrizes do MEC e que, em paralelo, discute tecnicamente a melhor forma de implementação da nova legislação para envio das orientações a toda a rede.
Ainda conforme a pasta estadual, as escolas seguiam até ano passado o guia “Uso de Smartphones como Ferramenta Pedagógica”, documento que contém orientações sobre o uso adequado dos aparelhos em sala de aula e o acesso a recursos pedagógicos, como o aplicativo Conexão Escola, as plataformas como Enem MG, Google Sala de Aula, Britannica Education e Elefante Letrado.
“O guia, que será atualizado, também orienta sobre a criação de regras adicionais em cada escola, com a participação da comunidade escolar, sempre respeitando a legislação vigente”, disse a secretaria estadual.
Estratégias de implementação
Procurado pelo g1, o Ministério da Educação (MEC) informou que caberá a cada uma das redes de ensino e escolas, públicas e privadas, definirem as próprias estratégias de implementação.
"Vale lembrar que a lei não proíbe totalmente o uso de celulares, mas restringe seu uso durante aulas, recreios e intervalos, para que os alunos possam se concentrar nas atividades diárias e interagir com outras pessoas", informou.
A Lei federal 15.100/2025, que estabelece essa proibição, já está em vigor e abarca todas as turmas de educação básica (educação infantil, ensino fundamental e ensino médio).
Ainda conforme o MEC, foram lançados dois guias no 31 de janeiro: um destinado às redes de ensino e outro às escolas. Os documentos apresentam algumas orientações gerais a serem seguidas, como:
Comunicação e conscientização: as escolas devem informar professores, alunos e famílias sobre a vigência da lei e as novas regras para uso de celulares;
Material de apoio: o MEC já disponibiliza cursos para professores sobre como orientar os alunos no uso responsável da tecnologia; novos cursos serão lançados em breve;
Autonomia escolar: cada rede e escola pode definir formas de aplicação da restrição, respeitando a legislação, mas adequando as regras à sua realidade;
Acompanhamento e fiscalização: o cumprimento da lei deve ser monitorado pelas próprias escolas e redes de ensino, sem penalizações universais impostas pelo Governo federal.
Suporte para as famílias: o MEC oferecerá webinários e orientações específicas para os pais, auxiliando-os a compreender a importância da restrição e como apoiar seus filhos nessa transição.
Escola em Carangola adota ‘caixinha de celulares’ para alunos ficarem desconectados
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